Uma criança muito baixa para a idade precisa passar por uma avaliação com pediatra para investigação dos fatores da falta de crescimento e até mesmo uma indicação de tratamento para crescer.
O crescimento físico infantil é um dos indicadores mais importantes do desenvolvimento saudável. Por isso, crianças com baixa estatura podem ter outras consequências além da altura, como atraso na maturação óssea, redução da massa muscular, baixa energia e atraso da puberdade.
Estudos recentes demonstram que o atraso no crescimento pode estar ligado não só a questões físicas, mas também a aspectos cognitivos, influenciando diretamente a capacidade de aprendizado e a função cerebral desde os primeiros meses de vida.
O impacto do crescimento em crianças muito baixas para a idade
Pesquisas publicadas na revista Nature Human Behavior destacam que crianças muito baixas para a idade podem apresentar comprometimentos na “memória de trabalho visual” já a partir dos seis meses de idade. Esse tipo de memória é essencial para o processamento e armazenamento de pistas visuais, e os bebês com crescimento atrofiado tendem a ser mais distraídos, o que pode resultar em dificuldades cognitivas no futuro.
Esse estudo, liderado por uma equipe internacional de pesquisadores, foi pioneiro ao associar o crescimento atrofiado a uma função cerebral diferente em crianças. Em vez de focar apenas em resultados de longo prazo, como outras pesquisas anteriores, o novo estudo investigou como o cérebro de bebês muito baixos para a idade se comporta durante o desenvolvimento inicial, revelando diferenças significativas no processamento cognitivo.
De acordo com a Dra. Sobana Wijeakumar, coautora da pesquisa, as crianças que apresentaram crescimento atrofiado tinham redes cerebrais menos ativas em relação àquelas com crescimento típico. Isso significa que a capacidade de prestar atenção e manter informações na memória de trabalho é diretamente afetada, limitando o potencial de aprendizado ao longo da vida.
Crescimento atrofiado e distração em crianças muito baixas para a idade
Outro aspecto interessante do estudo foi a descoberta de que crianças muito baixas para a idade são mais propensas à distração. Isso ocorre porque a rede cerebral normalmente responsável por manter a atenção focada em uma tarefa é menos eficiente nessas crianças, comprometendo o desempenho cognitivo futuro.
Pesquisadores descobriram que bebês com desenvolvimento típico apresentavam um padrão de ativação cerebral mais equilibrado, o que os ajudava a suprimir distrações e se concentrar em tarefas específicas. Em contraste, os bebês com crescimento atrofiado eram mais suscetíveis a se distrair facilmente, o que pode explicar as dificuldades cognitivas observadas mais tarde na infância.
Esse atraso no desenvolvimento cognitivo de crianças muito baixas para a idade tem consequências de longo prazo. A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia ressalta que o crescimento atrofiado pode ser um reflexo de desnutrição crônica ou problemas de saúde que afetam o desenvolvimento, sendo essencial o acompanhamento adequado desde cedo.
Prevenção e intervenção em crianças muito baixas para a idade
A pesquisa também oferece um vislumbre de esperança. Embora o crescimento atrofiado esteja frequentemente associado a déficits cognitivos, o estudo indicou que, em alguns casos, bebês com forte “memória visual de trabalho” na fase inicial de desenvolvimento conseguiam contornar as limitações cognitivas típicas. Isso sugere que intervenções voltadas para melhorar a memória e a concentração em bebês de seis a nove meses podem minimizar ou até mesmo evitar as dificuldades cognitivas mais tarde na vida.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é crucial monitorar o crescimento infantil de forma consistente para identificar precocemente crianças muito baixas para a idade e oferecer o suporte necessário. A OMS também enfatiza a importância da nutrição adequada nos primeiros anos de vida, um fator determinante no crescimento e no desenvolvimento cognitivo saudável.
Além da nutrição, o ambiente de estimulação também desempenha um papel essencial. Brincadeiras que incentivam o foco e a memória podem ser altamente benéficas, ajudando a reduzir os impactos do crescimento atrofiado em crianças.
O papel da nutrição no desenvolvimento de crianças muito baixas para a idade
A nutrição é um dos principais fatores que influenciam o crescimento e o desenvolvimento cognitivo. Segundo o Ministério da Saúde, crianças que sofrem de desnutrição crônica tendem a ser muito baixas para a idade, o que pode prejudicar não apenas o crescimento físico, mas também o desempenho cerebral e cognitivo.
Oferecer uma dieta balanceada e rica em nutrientes é uma das formas mais eficazes de prevenir o atraso no crescimento e garantir que as crianças muito baixas para a idade possam atingir seu potencial máximo. É recomendado que pais e responsáveis estejam atentos à ingestão de proteínas, vitaminas e minerais essenciais para o desenvolvimento saudável.
Além disso, o acompanhamento médico regular é imprescindível. Profissionais da saúde, como endocrinologistas, podem avaliar o crescimento infantil e determinar se há necessidade de suplementação alimentar ou tratamentos específicos para estimular o crescimento.
A importância do diagnóstico precoce
Diagnosticar o atraso no crescimento em crianças muito baixas para a idade o mais cedo possível é essencial para reduzir os efeitos negativos na vida da criança. Com a ajuda de exames clínicos e medições regulares de altura, médicos podem identificar se uma criança está fora da curva de crescimento esperada para a idade e agir de forma eficaz.
A Sociedade Brasileira de Pediatria orienta que, ao identificar uma criança com crescimento abaixo do esperado, o primeiro passo é investigar possíveis causas subjacentes, como deficiências nutricionais ou problemas de saúde. Em muitos casos, com o tratamento adequado, é possível reverter ou minimizar os impactos do crescimento atrofiado.
Crianças muito baixas para a idade: acompanhamento médico e nutricional são essenciais
Em resumo, crianças muito baixas para a idade não enfrentam apenas desafios físicos, mas também podem apresentar dificuldades cognitivas que afetam sua capacidade de aprendizado. A pesquisa recente reforça a necessidade de atenção especial ao crescimento infantil, especialmente nos primeiros meses de vida, quando o desenvolvimento cerebral está em pleno andamento.
Por isso, é fundamental que os pais estejam atentos ao crescimento de seus filhos e busquem orientação médica caso percebam que a criança está muito abaixo da média para a sua idade. A nutrição adequada, aliada a estímulos cognitivos e ao acompanhamento profissional, pode fazer uma grande diferença na vida dessas crianças, garantindo um desenvolvimento saudável e feliz.
Referência: https://www.sciencedaily.com/releases/2023/10/231026131438.htm