A insuficiência ovariana prematura (IOP) é uma condição que afeta cerca de 2 a 4% das mulheres do mundo, dificultando a gravidez, pois os ovários param de funcionar antes mesmo dos 40 anos.
Desde o início da menstruação na adolescência, até o fim dela na menopausa, os ovários das mulheres produzem hormônios essenciais para a saúde feminina, como o estrogênio e a testosterona. Com a insuficiência ovariana prematura, a mulher pode ter a redução da produção desses hormônios, menstruação irregular e até infertilidade.
Também chamado de ovário oculto, a IOP causa uma suspensão abrupta da ovulação. Essa interrupção, que acontece quando as mulheres estão na faixa dos 20 ou 30 anos, quando não é por causa de uma gravidez, pode ser um choque para essas mulheres, que ainda não iniciaram a vida reprodutiva e ainda podem estar decidindo entre carreira e maternidade.
Reserva ovariana
A reserva ovariana se refere à quantidade e qualidade dos folículos nos ovários de uma mulher, ou seja, a capacidade dos ovários de fornecer óvulos viáveis para a fertilização. Essa reserva diminui naturalmente com a idade, mas alguns fatores podem acelerar essa redução, como a IOP.
A baixa reserva ovariana pode ser um sinal de alerta para a insuficiência ovariana prematura, que pode causar dificuldade para engravidar naturalmente. Ainda assim, uma mulher com baixa reserva ovariana pode optar por um tratamento de reprodução humana, inclusive para congelamento de óvulos, antes da falência ovariana grave, pois nesse ponto a mulher entra na menopausa precoce.

A insuficiência ovariana prematura (IOP) afeta cerca de 3 em cada 100 mulheres com menos de 40 anos
Sintomas da condição do ovário oculto
A condição do ovário oculto pode vir acompanhada de diversos sintomas, principalmente aqueles que surgem quando a mulher está na menopausa. Isso porque o corpo da mulher passa por várias alterações hormonais quando os ovários param de funcionar. Dentre os principais sintomas estão:
- Períodos menstruais irregulares;
- Ondas de calor;
- Suores noturnos;
- Fadiga;
- Insônia e sono ruim;
- Alterações de humor; e até
- Ocorrência de ansiedade e depressão.
Causas da insuficiência ovariana prematura
Na maioria dos casos, a causa de insuficiência ovariana prematura é desconhecida. Porém, existem fatores genéticos, doenças autoimunes, tratamentos médicos e infecções virais que podem estar relacionadas à condição, além das falhas no desenvolvimento ovariano, desde a formação na vida fetal.
Embora ainda não se sabe porque acontece, uma das causas da IOP é a doença autoimune na qual o corpo ataca a si mesmo, que pode provocar diabetes tipo 1 e disfunções da tireoide. Algumas mulheres, inclusive, são predispostas à condição devido a hereditariedade, ou seja, quando alguém da família tem, dessa forma, engravidar aos 40 pode ser mais difícil.
Diagnóstico
Se a mulher já está há pelo menos quatro meses sem menstruar, ela precisa buscar ajuda médica para um diagnóstico correto da condição. Os sintomas e o checkup médico regular podem auxiliar no diagnóstico da insuficiência ovariana prematura. O histórico familiar e a presença de doenças autoimunes também podem influenciar.
Mulheres predispostas geneticamente podem obter um diagnóstico mais cedo, pois as alterações genéticas em seus cromossomos sexuais, como a Síndrome de Turner, por exemplo, podem ajudar na investigação.
Tratamento da insuficiência ovariana prematura
O tratamento da IOP pode ser feito através de terapia hormonal ou outra indicação médica. A perda funcional dos ovários e a baixa produção hormonal impacta significativamente o corpo da mulher no que diz respeito ao aumento do risco de doenças cardiovasculares, ataques cardíacos, insuficiência cardíaca e derrames.
Isso acontece porque os baixos níveis de estrogênio podem aumentar o risco de problemas cardíacos. Além disso, a falta deste hormônio leva à redução da densidade óssea, aumentando o risco de fraturas ósseas, e risco de declínio cognitivo, contribuindo para o surgimento de doenças cognitivas e degenerativas, como como Alzheimer e Parkinson, bem como condições de saúde mental, como depressão.
A expectativa de vida dessa mulher fica reduzida justamente por causa do aumento desses riscos, principalmente se não fizer tratamento. O estrogênio ausente pode ser substituído por medicamentos que revertem esse efeito.
Principais opções de tratamento para engravidar com insuficiência ovariana prematura
A IOP afeta a fertilidade, por isso, também aumenta o risco de aborto espontâneo. Ainda assim, a atividade ovariana pode ser intermitente, o que ainda possibilita uma gravidez natural. Caso a mulher tenha o desejo de engravidar, mas está com dificuldades, ela pode recorre ao uso de hormônios na reprodução assistida.
FIV com óvulos doados
A opção mais comum de tratamento para engravidar insuficiência ovariana prematura é a fertilização in vitro (FIV) com óvulos doados, já que, na maioria dos casos, os ovários da mulher com IOP não produzem mais óvulos viáveis. Com a doação de óvulos, a mulher tem a chance de receber óvulos fertilizados com espermatozoide do parceiro em laboratório e transferidos para o útero da paciente.
Uso de indutores da ovulação (casos raros)
Em algumas mulheres com IOP parcial (ainda com alguma função ovariana), tratamentos hormonais podem estimular a ovulação. Porém, isso é menos frequente.
Transplante de tecido ovariano (experimental)
Em casos muito específicos, pode-se tentar reimplantar tecido ovariano previamente congelado, mas essa técnica ainda está em desenvolvimento.
A gravidez espontânea na IOP é possível?
Embora seja rara, até 5-10% das mulheres com IOP podem engravidar naturalmente, pois os ovários podem ter uma atividade intermitente, liberando óvulos ocasionalmente, por isso é importante ficar atenta aos sintomas de fecundação para saber se está grávida.
Se a mulher deseja engravidar e tem IOP, o ideal é buscar um especialista em reprodução humana para avaliar as melhores opções, pois existem vários exames para fazer antes de engravidar.
Para um tratamento eficaz, é importante que a mulher busque mais informações e avaliação médica com especialista.
Referência: https://www.sciencefocus.com/comment/premature-ovarian-inufficency-women-health
Escrito por: Darcicleia Oliveira, jornalista, redatora e social media.
*Com supervisão do farmacêutico responsável: Pedro Monteiro Ribeiro Neto CRF-BA 14787