A salpingite crônica é uma inflamação persistente das trompas de Falópio, geralmente originada de uma infecção nos órgãos reprodutivos femininos.
Essa condição pode comprometer a fertilidade e causar dificuldade para engravidar, pois a passagem do óvulo pelas trompas uterinas pode ser obstruída, o que aumenta o risco de gravidez ectópica, uma complicação grave em que o embrião se desenvolve fora do útero.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina Reprodutiva, a salpingite é uma das principais causas de infertilidade feminina, sendo responsável por até 30% dos casos de obstrução tubária.
A salpingite crônica pode se desenvolver de forma silenciosa ou não causar sintomas significativos no início, por isso pode ser difícil de percebida. Por outro lado, quando começa a apresentar sintomas, a doença pode ser confundida com outras inflamações do sistema reprodutor feminino.
Por isso, para descobrir, é preciso ir regularmente ao ginecologista, o qual poderá avaliar através de um Papanicolau, por exemplo, e de outros exames de sangue e ultrassom, auxiliando na detecção precoce.
Essa inflamação nas trompas de Falópio pode persistir por um longo período, e geralmente é consequência de infecções bacterianas, como clamídia ou gonorreia, que se disseminam pelo trato reprodutivo feminino. Em casos mais raros, outras bactérias, como Mycoplasma, Staphylococcus ou Streptococcus, podem ser responsáveis.
Principais sintomas de salpingite crônica
Embora a salpingite crônica possa ser assintomática no início, os sintomas podem se intensificar com o tempo. Os sinais mais comuns incluem:
- Corrimento vaginal com odor desagradável;
- Alterações no ciclo menstrual;
- Dor durante a ovulação e o contato íntimo;
- Febre e náuseas;
- Dor abdominal e lombar;
- Desconforto ao urinar.
Caso esses sintomas sejam persistentes, é importante buscar atendimento médico, pois a falta de tratamento pode levar a infertilidade. Para mulheres que têm o sonho de ser mãe, qualquer problema ginecológico precisa ser levado a sério, pois em casos de obstrução total das trompas, a mulher fica com dificuldade para ter filhos de forma natural.
Por outro lado, se as trompas não estiverem completamente bloqueadas e a mulher tiver boa reserva ovariana, pode haver chances de concepção natural ou por métodos menos invasivos, como a indução da ovulação combinada com inseminação intrauterina (IIU). No entanto, em casos avançados, a fertilização in vitro (FIV) se torna o tratamento mais indicado.
Outra opção para mulheres que querem engravidar é o congelamento de óvulos que permite preservar a fertilidade da mulher. Consultar um especialista em reprodução humana é essencial para definir o melhor plano de ação e aumentar as chances de uma gravidez saudável.
Como engravidar com salpingite crônica?
É possível engravidar com salpingite crônica através do tratamento adequado e um acompanhamento médico especializado, uma vez que mulheres com essa condição precisam de atenção especial, por causa do risco de gravidez ectópica.
O primeiro passo é consultar um ginecologista ou especialista em reprodução humana para avaliar o estado das trompas e da saúde reprodutiva como um todo. O médico pode indicar alguns exames para fazer antes de engravidar, além disso, dependendo do grau de comprometimento das trompas, existem diferentes abordagens:
1. Tratamento da infecção e avaliação tubária
Se a inflamação ainda não causou danos permanentes, é possível fazer um tratamento para reduzir os riscos com antibióticos, para combater a infecção bacteriana; com analgésicos e anti-inflamatórios, para alívio da dor e controle da inflamação; e até remoção do DIU, se for identificado como fator agravante.
Para verificar se as trompas estão obstruídas, pode ser necessário realizar exames como a histerossalpingografia ou laparoscopia. Em outros casos, pode ser necessário internação para administração intravenosa de medicamentos. É importante ressaltar que o parceiro sexual também deve ser tratado simultaneamente para evitar a reinfecção.
2. Cirurgia para reparar as trompas
Em casos de cicatrizes ou obstruções leves, pode ser indicada uma cirurgia corretiva, como a salpingoplastia, para restaurar a funcionalidade das trompas. Em casos mais graves, pode ser necessária a cirurgia para remoção das trompas ou do útero.
3. Reprodução humana assistida
Se os danos nas trompas forem irreversíveis, optar pela reprodução assistida pode ser a melhor opção. Na fertilização in vitro (FIV) os óvulos são fertilizados em laboratório e o embrião é implantado diretamente no útero, eliminando a necessidade de trompas funcionais.
Diagnóstico da Salpingite Crônica
O diagnóstico de salpingite crônica exige uma abordagem detalhada por parte do ginecologista, que pode incluir:
- Avaliação clínica: Análise dos sintomas relatados pela paciente.
- Exames laboratoriais: Testes de sangue, urina e análise microbiológica de secreções vaginais para identificar a bactéria causadora.
- Exames de imagem: Ultrassom transvaginal e salpingografia para observar alterações nas trompas.
- Procedimentos diagnósticos avançados: A laparoscopia pode ser indicada para confirmar o diagnóstico e avaliar a extensão da inflamação.
Causas e fatores de risco
As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como clamídia e gonorreia estão entre as causas mais comuns da salpingite crônica. Porém, alguns fatores podem contribuir para o surgimento da doença:
- Procedimentos ginecológicos invasivos, como biópsias, histeroscopias ou colocação de dispositivos intrauterinos (DIU).
- Histórico de parto ou aborto recente, que podem aumentar o risco de infecção.
Esses fatores destacam a importância do uso de métodos contraceptivos de barreira e da realização de exames periódicos para prevenir infecções e suas complicações.
Complicações da Salpingite Crônica
Além de infertilidade e gravidez ectópica, a salpingite crônica pode levar a complicações sérias, que incluem propagação da infecção para o útero, ovários e até outras regiões do corpo e dor crônica em casos mais avançados, como a dor abdominal que pode ser constante e debilitante.
É possível prevenir a salpingite crônica?
Sim, é possível. A prevenção inclui:
- Práticas sexuais seguras com uso de preservativos para reduzir o risco de ISTs.
- Consultas ginecológicas regulares, mesmo na ausência de sintomas, pois o acompanhamento médico pode identificar problemas em estágios iniciais.
- Cuidado após procedimentos invasivos para evitar infecções, seguindo todas as orientações médicas.
De acordo com o Ministério da Saúde, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são as melhores estratégias para preservar a fertilidade e evitar complicações mais graves.
A salpingite crônica é uma condição séria que pode ter impacto significativo na saúde reprodutiva e na qualidade de vida das mulheres. Embora os sintomas possam ser leves ou até inexistentes no início, a inflamação persistente pode causar infertilidade, dor crônica e outras complicações graves. A informação e o cuidado contínuo são aliados importantes para proteger a saúde das mulheres.
Referências: https://www.tuasaude.com/salpingite-cronica/
Escrito por: Darcicleia Oliveira, jornalista, redatora e social media.
*Com supervisão do farmacêutico responsável: Pedro Monteiro Ribeiro Neto CRF-BA 14787